incontinencia urinaria

Incontinência urinária: onde está o problema?

A incontinência urinária é uma desordem muito frequente nos animais de companhia, cuja a causa pode advir de desordens em vários sistemas como o neurológico, urinário e endócrino.

Sistema neurológico

Quando relacionada ao sistema nervoso, geralmente está associada a lesões na medula espinhal e/ou cauda equina, que além dos sinais de incontinência resultam em outros sinais neurológicos como déficits proprioceptivos e fraqueza. 

Afecções como hérnias de disco e fraturas e luxações vertebrais estão entre as principais causas de lesões na medula espinhal que podem cursar com a incontinência urinaria. Nos felinos, muito frequentemente, está associada a traumas na região sacrococcígea que geralmente levam a uma cauda flácida e diminuição do reflexo perianal.

Os sinais clínicos decorrem da lesão do nervo pélvico – inervação parassimpática – e pudendo – inervação somática – que possuem seus núcleos na medula espinhal sacral (S1-S3) e inervam, respectivamente, a musculatura detrusora e o esfíncter uretral externo. 

Lesões da medula espinhal sacral resultam em comprometimento dessa inervação cursando com uma bexiga flácida (lesão do nervo pélvico) e a um esfíncter uretral externo flácido (lesão do nervo pudendo), o que provoca a incontinência urinaria de origem neurológica. O tratamento é bastante desafiador, e geralmente esta associado a resolução da causa primária.

Sistema Endócrino 

Quando o tutor se queixa que seu animal está com incôntinencia urinária, é fundamental que o médico veterinário diferencie incontinência urinária de poliúria. No primeiro caso, há normalidade na concentração da urina, mas uma dificuldade em reter a urina dentro da bexiga, por fragilidade do esfíncter urinário ou por má atividade desse esfíncter.

Baixos níveis de hormônio estrógeno, principalmente em decorrência da castração nas cadelas é a principal causa dessa fragilidade ou inabilidade do esfíncter urinário em reter a urina dentro da bexiga. Por isso, a cadela perde pequenas quantidades de urina quando relaxa (durante o sono) ou quando corre/pula.

Já a poliúria é um excesso de produção urinária, inabilidade em concentrar a urina (aumento da concentração de água na urina) e ocorre em decorrência de várias doenças hormonais. Nesse caso, o animal é capaz de reter a urina dentro da bexiga, mas devido à grande quantidade de produção, o volume de urina nas micções é muito grande e a frequência urinária aumentada.

Sistema urinário

Além das causas neurogênica e endócrina já citadas, a incontinência urinária de cães e gatos pode ocorrer devido a anormalidades anatômicas do sistema urinário, hiperreflexia do músculo detrusor ou obstrução uretral.

Para esclarecimento das causas, dados do histórico do paciente, tais como: idade, castração, antecedentes mórbidos, histórico de trauma e terapias prévias devem ser abordados de forma criteriosa com os tutores.

Além disso, o diagnóstico será complementado com exames laboratoriais (sangue e urina) e de imagem (ultrassom, raio-x, tomografia e quando possível a endoscopia do sistema urinário) O tratamento, conservativo ou cirúrgico, deve ser realizado de acordo com a causa e para isso a avaliação de um nefrologista é de suma importância para que este seja instituído precocemente

Vale ressaltar que a incontinência urinaria é um sinal clinico muito inespecífico com múltiplas causas, por isso a identificação primária de qual sistema está comprometido (neurológico, urinário ou endócrino), é de extrema importância para que abordagem adequada do paciente com tal sinal clínico.

Dr. Bernardo de Caro Martins
Neurologia veterinária

Dr. Gabriel Rabelo
Nefrologia Veterinária

Dra. Marina Madeira
Endocrinologia veterinária

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