epilepsia em cães

A epilepsia em cães é uma doença neurológica crônica frequente. Ela é causada por alterações cerebrais de origem genética (epilepsia idiopática) ou estrutural, como tumores, doenças inflamatórias ou infecciosas e acidentes vasculares encefálicos. As manifestações podem ocorrer por meio de crises epilépticas generalizadas, como as convulsões, ou as chamadas crises epilépticas focais, como tremores de face, caça a moscas imaginárias e alterações comportamentais, que muitas vezes passam desapercebidas pelo tutor.

Apesar de ser uma das doenças neurológicas mais frequentes em cães, muitas dúvidas em relação a nomenclatura, diagnóstico e tratamento existem. Para minimiza-las, foi criada um consenso em 2015, após a formação de uma força-tarefa de veterinários dedicados a obter informações concretas de como lidar com esses pacientes e melhorar a qualidade de vida dos nossos pets.

O que esses estudos apontaram é que a epilepsia canina pode ser controlada com a utilização de medicamentos. No entanto, muitos dos fármacos disponibilizados hoje no mercado não possuem eficácia comprovada no tratamento de animais, já que são os mesmos utilizados na medicina dos humanos, e possuem significativas diferenças metabólicas.

Gardenal, brometo de potássio e levetiracetam são alguns dos produtos oferecidos para o tratamento de pets, mas que ainda necessitam de mais pesquisas para comprovar a indicação. De acordo com o conhecimento que temos hoje, não há uma regra geral a ser seguida e o tratamento de cães com epilepsia precisa ser feito de acordo com as características de cada animal. O uso do canabidiol está sendo discutido, e ainda carece de estudos comprovando sua eficácia nas dosagens indicadas.

O que as pesquisas mais recentes garantiram é que quanto mais cedo o início do tratamento, maior a possibilidade de controle das crises. O ideal é que as intervenções comecem em animais que possuam duas ou mais crises no intervalo de seis meses, evitando dessa forma crises epilépticas refratárias (que não respondem à terapia).

Por isso, é importante o tutor participar ativamente da rotina do seu animal e observar as alterações no comportamento dele. É muito bom também o humano saber identificar os sinais da epilepsia canina e saber como se comportar, caso presencie uma convulsão. Epilepsia tem controle e seu pet pode viver muito bem, se for medicado corretamente.

Abaixo, seguem as principais dicas de como fazer, caso seu cão esteja sofrendo um ataque convulsivo.

Como identifico se meu pet está tendo uma convulsão?

Os sinais mais clássicos são: salivação excessiva, tremores generalizados pelo corpo, perda de consciência, micção, defecação, confusão mental após o episódio. Sinais esses que geralmente duram de um a três minutos, podendo a confusão mental se estender por até dez minutos ou mais.

O que fazer diante de uma convulsão?

Acalme-se e proteja a cabeça do seu pet. Em hipótese alguma coloque a mão na boca do animal. Se a convulsão durar mais de cinco minutos ou se o pet tiver mais de duas ou mais crises no mesmo dia, leve imediatamente para hospital veterinário de confiança para que as convulsões possam ser controladas.

O que causa a convulsão? 

As crises podem ser causadas por doenças cerebrais genéticas ou estruturais (como tumores, infecções ou derrames) ou por causas reativas (hipoglicemia, intoxicação, alterações no fígado e nos rins)

Tem tratamento?

As crises podem ser controladas com diversas medicações, com eficácia comprovada. Quanto mais cedo iniciar o tratamento, melhores serão os resultados. Se você tiver algum pet nessa situação, encaminhe-o ao seu veterinário de sua confiança ou solicite atendimento com neurologista. Estabeleça uma relação de confiança com seu médico veterinário que, com certeza, as chances de sucesso serão maiores.

Dr. Bernardo de Caro Martins – Neurologia veterinária

Médico veterinário pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mestre em Ciência Animal e Doutor, também em Ciência Animal, no programa Clínica e Cirurgias Veterinárias da Universidade Federal de Minas Gerais. Aperfeiçoou-se em Neurologia Veterinária na Universidade da Georgia (EUA). Membro da Associação Brasileira de Neurologia Veterinária (ABNV). Realiza palestras na área de neurologia veterinária em congressos e simpósios nacionais. Membro do corpo de revisores da revista Ciência Rural. Autor e editor de capítulos em diversos livros nacionais. Professor de neurologia em cursos de pós-graduação. Sócio proprietário do Centrovet, faz consultas em neurologia clínica e cirúrgica em Belo Horizonte e região.

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